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Dia Mundial da Educação: UFFS celebra formatura da primeira haitiana e primeira indígena em Realeza

As egressas Roselaure e Carine falam sobre os desafios e conquistas durante a graduação. Na UFFS, políticas afirmativas como o PIN e o Pró-Imigrante mostram que acesso à educação é um direito de todos

Assessoria de Comunicação - Campus Realeza — 28 de Abril de 2025 — Atualizado em 28/04/2025

Dia Mundial da Educação: UFFS celebra formatura da primeira haitiana e primeira indígena em Realeza

“A perseverança é fundamental para alcançar nossos objetivos”, destacou Roselaure Occeus, imigrante haitiana e que concluiu o curso de Ciências Biológicas, no Campus Realeza.

Em sintonia com os compromissos globais do Dia Mundial da Educação (28 de abril), que reforça a necessidade de uma educação inclusiva e de qualidade, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza celebra a conquista de duas estudantes: Roselaure Occeus, imigrante haitiana e que concluiu o curso de Ciências Biológicas, e Carine da Silva indígena do povo kaingang formada em Letras Português e Espanhol. 

Ambas ingressaram nos cursos da UFFS por meio de políticas afirmativas que democratizam o acesso ao ensino superior para imigrantes e povos indígenas. Em entrevista, as duas compartilham suas trajetórias até a conclusão da graduação, destacando a determinação, a resiliência e como essa conquista gera impactos positivos para as comunidades que representam.

 “A perseverança é fundamental para alcançar nossos objetivos”

Natural de Porto Príncipe, capital do Haiti, Roselaure Occeus chegou ao Brasil em 2018, depois de uma breve passagem pelo Chile. Os planos de cursar o ensino superior sempre estiveram na bagagem, desde que saiu de seu país natal em razão da instabilidade política, desastres naturais e condições socioeconômicas difíceis. Foi através do Programa de Acesso à Educação Superior para Estudantes Haitianos da UFFS, hoje chamado de Pró-Imigrante, que Roselaure ingressou no curso de Ciências Biológicas.  

Durante o percurso, a estudante enfrentou desafios comuns a quem se aventura em um novo país, como a superação da barreira linguística, o preconceito e a inserção no mercado de trabalho. “Minha adaptação foi difícil no início, mas no final deu tudo certo, com o apoio dos professores, das monitorias e dos cursos de português oferecidos pela universidade”, lembrou.  

Roselaure é a primeira de sua família a concluir o ensino superior. A colação de grau ocorreu no mês de março e a conquista foi comemorada ao lado do noivo Ancelot Desir e demais integrantes da família. Entre os planos para o futuro está incluso trabalhar na área da Biologia, fazer uma especialização e até cursar uma nova graduação: Gastronomia. "Minha conquista é enorme. Sempre sonhei em fazer um curso superior e espero deixar a mensagem de que não devemos desistir dos nossos sonhos, mesmo quando o caminho é desafiador. A perseverança é fundamental para alcançar nossos objetivos”, finalizou.

 “Minha formatura é uma conquista do meu povo”

A trajetória de Carine da Silva também é marcada pela resiliência e pelo compromisso com sua a Comunidade Indígena Cagrê, localizada na cidade de Planalto. Como primeira estudante indígena a se formar no Campus Realeza, ela conta como a educação tem um papel importante na valorização da cultura e dos direitos dos povos indígenas. "Minha comunidade sempre foi minha força. Desde pequena, aprendi que o conhecimento é uma arma poderosa para fortalecer nosso povo. Como professora, levo adiante nossa língua e nossos saberes, ajudando os mais jovens a se reconhecerem em sua identidade e a lutarem pelos seus direitos”, destacou.  

Ao ingressar no curso de Letras - Português e Espanhol pelo Programa de Acesso e Permanência dos Povos Indígenas (PIN), Carine queria estar preparada para ensinar, para preservar e valorizar também a língua Kaingang, base de sua resistência. A estudante superou diferentes barreiras, a mudança para Realeza, a falta de oportunidades de trabalho e dificuldades financeiras. “A maior delas foi lidar com a perda de pessoas queridas no meio da caminhada. Durante meus estudos, perdi meu avô e minha tia, e isso pesou muito. Além disso, precisei me mudar para Realeza por um tempo, o que trouxe desafios ainda maiores. Mas resisti, porque sabia que cada dificuldade superada era um passo a mais para alcançar”, enfatizou.  

A colocação de grau de Carina foi em gabinete, uma cerimônia mais reservada, e para ela a conquista do diploma é algo coletivo: “Não cheguei aqui sozinha, trago comigo a força da minha família, dos meus ancestrais e da minha comunidade. Cada indígena que se forma abre caminho para outros. Essa vitória não é só minha, é do meu povo. É uma retomada, porque a educação também é um território que precisamos ocupar”.

UFFS e o compromisso com a educação transformadora

As políticas afirmativas de acesso ao ensino superior na UFFS para os povos indígenas e para imigrantes são um importante fator de promoção e proteção dos direitos, do respeito à diversidade e à interculturalidade. A conquista das mais novas formandas do Campus Realeza representa como a educação é um importante papel de transformação social, conforme explicou o diretor do Campus Realeza, Marcos Antonio Beal. 

“Este é um momento histórico para o Campus Realeza, que tem a honra de formar, pela primeira vez, uma imigrante haitiana e uma indígena do povo Kaingang, ambas mulheres, que simbolizam a força, a resiliência e o poder transformador da educação. A UFFS tem se destacado na promoção de políticas afirmativas, como o Programa de Acesso e Permanência dos Povos Indígenas (PIN) e o Pró-Imigrante, que são fundamentais para combater as desigualdades históricas e garantir o acesso ao ensino superior para aqueles que, historicamente, dele foram excluídos. O sucesso dessas alunas não é apenas delas, mas de suas comunidades e de todos que acreditam no poder da educação como ferramenta de transformação social”, defendeu Beal. 

Este ano, o Programa de Acesso e Permanência dos Povos Indígenas (UFFS) completou 12 anos de existência. Além disso, a instituição conta com 724 estudantes indígenas matriculados e que ocupam vagas nos cursos de graduação em seis campi da UFFS, nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Já o Programa de Acesso e Permanência a Estudantes Imigrantes (Pró-Imigrante) é mais recente, criado em 2019 a partir do Pró-Haiti. O número de estudantes imigrantes chega a 205. Boa parte destes estudantes estão matriculados no Campus Chapecó. 

O processo de seleção para o PIN é feito a partir da análise de histórico escolar (notas em Português e Matemática). O Pró-Imigrante considera a avaliação de uma Carta de Intenções e entrevista em português, com foco em motivações acadêmicas do candidato. 

Além disso, a UFFS oferta aos estudantes bolsas permanência e monitorias de ensino, voltadas a oferecer apoio didático-pedagógico para inserção acadêmica. Os estudantes indígenas, quilombolas e migrantes podem contar ainda com o apoio de diferentes espaços, como o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI), assim como das comissões do PIN e Pró-Imigrante.

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