0 1 2 3
Loading...

Pesquisa da UFFS aponta para possível reúso de resíduos de placas solares

O resíduo pode virar ingrediente principal de material com potencial para uso na construção civil, como em argamassas ou estabilização de solos

Diretoria de Comunicação Social — 19 de Dezembro de 2025 — Atualizado em 19/12/2025

Pesquisa da UFFS aponta para possível reúso de resíduos de placas solares

Na separação dos materiais foi utilizado um método que levou em conta a relação
custo-benefício e o menor impacto ambiental

As fortes chuvas de granizo que atingiram recentemente o município de Erechim causaram grandes prejuízos, e um impacto que talvez ainda não esteja totalmente visível é a grande quantidade de módulos fotovoltaicos (placas solares) que foram danificados. Esses equipamentos têm uma vida útil longa, mas quando quebrados por eventos extremos como esse, se tornam um resíduo de difícil destinação. O maior componente dessas placas é o vidro, que corresponde a cerca de 75% do seu peso. Se descartado inadequadamente, esse volume significativo pode sobrecarregar nossos aterros e representar um desperdício de material valioso.

É justamente nesse ponto que um dos trabalhos de pesquisa na UFFS busca oferecer uma solução. Trata-se de um novo tipo de cimento ou ligante sustentável, utilizando como matéria-prima principal o vidro triturado dessas placas solares que seriam descartadas. Em vez de virar um passivo ambiental, esse resíduo vira o ingrediente principal de um material com potencial para uso na construção civil, como em argamassas ou estabilização de solos.

Inovação

A inovação da pesquisa está em não usar os ativadores químicos convencionais, que são caros e têm alto impacto ambiental. Foram combinados o pó de vidro fotovoltaico com outro resíduo, a cal produzida a partir de cascas de ostra, e a própria composição do vidro permite que a reação 'se ative'. Nos testes, o material já apresentou resistência mecânica suficiente para diversas aplicações, mostrando que é tecnicamente viável.

Os estudos relacionados à pesquisa foram implementados durante o Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, ofertado na UFFS – Campus Erechim. O trabalho tem autoria Carolina Menegolla e como coordenador o professor Eduardo Pavan Korf, e como co-orientador o professor William Levandoski. Os estudos iniciaram com a mestra Mariana Krogel, no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental. A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Resíduos e Geotecnia Ambiental (LABGEOAMB) da UFFS - Campus Erechim.

“O que esse granizo nos mostrou, de forma trágica, foi a urgência de pensarmos no 'fim da vida' dos produtos que adotamos como soluções verdes, como a energia solar. A economia circular precisa ser posta em prática. Nossa pesquisa é um exemplo de como a Universidade pode atuar para transformar um problema ambiental imediato — o descarte dessas placas quebradas — em uma oportunidade para desenvolver materiais de construção mais sustentáveis, agregando valor a um resíduo e fechando o ciclo de maneira inteligente”, sustenta Pavan Korf.

Seguem questões relacionadas à pesquisa ponderadas pelo professor Eduardo Pavan Korf e a estudante Carolina Menegolla.

Como surgiu a ideia da pesquisa?

A pesquisa surgiu a partir da ideia proposta pela mestranda Mariana Krogel, do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental (PPGCTA), de reaproveitar o vidro das placas solares fotovoltaicas como matéria-prima para a fabricação de novos materiais, em conjunto com a cal de casca de ostra e ativador alcalino comercial. A proposta inicial dela deu origem ao projeto, que visa investigar soluções sustentáveis para esse resíduo específico. Já a proposta do TCC da Carolina testou o vidro das placas solares fotovoltaicas como matéria-prima para a fabricação de novos materiais, em conjunto com a cal de casca de ostra, porém “sem” ativador alcalino, o que representa uma nova solução tecnológica desenvolvida 100 % a partir de resíduos como matérias-primas.

É possível falar um pouco da metodologia utilizada?

O vidro utilizado foi extraído de módulos fotovoltaicos fornecidos por diversas empresas do sul do Brasil. Um total de sete módulos foram utilizados. O vidro foi extraído mecanicamente de módulos fotovoltaicos usando um britador, um método escolhido por sua relação custo-benefício e menor impacto ambiental em comparação com outros métodos da literatura. Em seguida, o material passou por um processo de moagem para obter a granulometria de 75um.

Quais são os ganhos econômicos e ambientais de uma pesquisa como esta? É possível quantificar os benefícios?

Esta pesquisa gera ganhos ambientais ao desviar resíduos de aterros, reduzir a extração de matéria-prima virgem e diminuir o consumo energético na extração de matérias-primas e processos produtivos e as emissões de CO₂ associadas. Economicamente, transforma um passivo (custo de descarte) em ativo, criando um novo mercado para o resíduo, que se torna uma matéria-prima secundária, com valor agregado.

Vocês pretendem continuar os estudos utilizando outros materiais?

Sim, a intenção é expandir os estudos para outros resíduos, testando a criação de novos ligantes ou materiais compostos. O objetivo é aproveitar resíduos abundantes e problemáticos, como casca de ovo, cinzas de biomassa ou resíduos de construção e demolição, combinando-os com o vidro fotovoltaico ou entre si.

Quais os próximos passos da pesquisa?

Desenvolver e testar formulações combinando-o com outros resíduos e também testando o material em outras condições, bem como avaliar e quantificar os benefícios sociais, econômicos e ambientais.

Relacionadas

Campus Cerro Largo

Rua Jacob Reinaldo Haupenthal, 1580, Centro,
Cerro Largo, RS
CEP 97900-000
Tel. (55) 3359-3950
CNPJ: 11.234.780/0003-12

Campus Chapecó

Rodovia SC 484, km 02,
Bairro Fronteira Sul,
Chapecó, SC
CEP 89815-899
Tel. (49) 2049-2600
CNPJ 11.234.780/0007-46

Campus Erechim

ERS 135, km 72, 200,
Caixa Postal 764,
Erechim, RS
CEP 99710-557
Tel. (54) 3321-7050
CNPJ 11.234.780/0002-31

Campus Laranjeiras do Sul

Rodovia BR 158, km 405,
Caixa Postal 106,
Laranjeiras do Sul, PR
CEP 85319-899
Tel. (42) 3635-0000
CNPJ 11.234.780/0004-01

Campus Passo Fundo

Rua Capitão Araújo, 20,
Centro,
Passo Fundo, RS
CEP 99010-200
Tel. (54) 3335-8514
CNPJ 11.234.780/0006-65

Campus Realeza

Rodovia PR 182, km 466,
Caixa Postal 253,
Realeza, PR
CEP 85770-000
Tel. (46) 3543-8300
CNPJ 11.234.780/0005-84