O Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável (PPGADR), da UFFS - Campus Laranjeiras do Sul, promoveu em 23 de maio o II Seminário Internacional “O papel da participação dos estudantes na transformação sustentável das universidades”. O evento, realizado por videoconferência, contou com a participação de estudantes e docentes da UFFS e da Universidade de Würzburg, da Alemanha.
De acordo com o professor Antônio Inácio Andrioli, docente do PPGADR, que coordenou o evento juntamente com os professores Linda Koch e Emily Schweitzer-Martin, o seminário integra uma ação de intercâmbio do PPGADR com a universidade alemã. Ele conta que a ideia do evento surgiu em junho de 2023, quando palestrou na Universidade de Würzburg, apresentando a UFFS como experiência de transformação sustentável, em uma série de conferências intitulada “O conhecimento sustentável transformador no contexto da normatividade e da normalidade”.
Andrioli recorda que em maio de 2024 a primeira edição do seminário ocorreu de forma online e com tradução consecutiva, envolvendo uma turma de estudantes do PPGADR, do PET Políticas Públicas e Agroecologia da UFFS, assim como estudantes de Ciência Política e professores vinculados ao Jardim Botânico da Universidade de Würzburg. “No evento desse ano, aumentou a participação de estudantes e professores de ambas as universidades e ainda contamos com a presença do coordenador do curso de Ciências Sociais da UFFS - Campus Laranjeiras do Sul, professor Mariano Luis Sánches”, informa.
Diversos foram os temas tratados no segundo seminário, tais como os processos de mudança e desenvolvimento na UFFS; a organização do sistema de bolsas nas universidades públicas da Alemanha e na Universidade de Würzburg; as estruturas de participação da universidade; a ocorrência de processos de re-institucionalização e burocratização; os impactos da mudança de governo do Brasil sobre o financiamento, o ambiente da universidade e a participação dos estudantes na UFFS; os reflexos da crescente divisão social e política do país na universidade; métodos, formatos e opções de implementação para incentivar a participação dos estudantes.
“Da parte dos estudantes de Würzburg, foi muito interessante aos estudantes da UFFS compreenderem que na Alemanha há uma série de fundações e organizações da sociedade civil que apoiam estudantes das universidades públicas, por exemplo, com bolsas. Também há as redes de apoio que existem no entorno das universidades para acolher estudantes, possibilitando sua atuação na pesquisa e ajudam na permanência, como moradias estudantis organizadas por fundações privadas e públicas, não diretamente vinculadas às universidades, mas que permitem uma vida acadêmica ampliada e uma estreita relação com futuras opções de trabalho e engajamento social e ambiental”, comenta Andrioli.
Segundo o professor, além de conhecer um pouco mais sobre o funcionamento do ensino superior na Alemanha, os acadêmicos da UFFS puderam mostrar como é o a realidade no Brasil. “As conquistas da UFFS desde a sua criação, como a participação de estudantes em colegiados de curso, conselhos e nas consultas prévias para eleger reitor, vice-reitor e diretores de campus são uma grande novidade para os estudantes na Alemanha. E, se imagina que há uma grande mobilização social presente na UFFS, tendo em vista sua história a partir das lutas dos movimentos sociais do campo”, comenta.
“Outro aspecto importante foi a recente conquista da gratuidade no RU para estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, a forte presença de estudantes indígenas e as lutas pela moradia estudantil. A característica 100% pública do ponto de vista do financiamento da UFFS também chama a atenção de estudantes alemães, que passaram a depender muito de financiamento externo e privado para projetos de pesquisa, contratação de professores temporários e até investimentos em infraestrutura nas universidades”, destaca Andrioli.
A coordenação do PPGADR considera esse tipo de evento de grande importância para fomentar uma maior visibilidade e a internacionalização do Programa. Andrioli ressalta, ainda, que iniciativas como essa, que agora já acontecem de forma regular, também fortalecem o trabalho do GT para criação do Doutorado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, que seria o primeiro na região da Cantuquiriguaçú, composta por 20 municípios.