Um violão afinado, o ritmo da bateria, vozes em harmonia. O que poderia parecer apenas um ensaio musical, na verdade, é parte de uma iniciativa que tem transformado o cotidiano acadêmico na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Chapecó. O IntegraSom, projeto que une música, saúde mental e integração comunitária, nasceu da vontade de fazer da universidade um espaço também de afeto, expressão e pertencimento.
Idealizado em 2021 pelo professor Anderson Funai, do curso de Enfermagem, o projeto surgiu em diálogo com o estudante Cauã Guido. Inspirados pelas experiências vividas na Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde a presença da música era parte do cotidiano universitário, os dois enxergaram a possibilidade de criar algo semelhante na UFFS. Segundo Funai, eles comentaram o quanto seria bom ter a música em espaços comuns na universidade, já que a vida no campus acaba sendo muito restrita às atividades próprias de uma universidade: ensino, pesquisa e extensão.
A proposta foi ganhando corpo e, em 2022, experiências musicais espontâneas com os professores de Filosofia, Newton Marques Peron, e de Ciências Sociais, Ivan Fontanari, serviram como embrião para o projeto. A formalização veio em 2023, com a aprovação em edital e o apoio de uma Bolsa de Cultura. Desde então, o IntegraSom passou a contribuir em eventos previstos no calendário da UFFS e da comunidade chapecoense.
Atualmente, o IntegraSom reúne seis estudantes bolsistas e dez voluntários, além de professores e técnico-administrativos, como Éder Oliveira e a bibliotecária Daniele Rohr. O grupo realiza aulas, ensaios, apresentações musicais e oficinas, com destaque para as atividades voltadas à promoção da saúde mental e integração social por meio da arte.
O projeto já se apresentou em diversos eventos acadêmicos e comunitários, incluindo a Semana de Enfermagem das Instituições de Ensino Superior de Chapecó, atividades da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), escolas infantis e até formaturas de Educação Infantil. “Até agora, não recusamos nenhum convite. Conseguimos nos organizar para atender às demandas. A música nos aproxima das pessoas e amplia a visibilidade da UFFS”, destaca Funai.
Um dos momentos mais marcantes para o grupo foi uma apresentação transmitida pelo canal do YouTube da Alesc, para um público de mais de 850 pessoas no Centro de Eventos de Chapecó. Para o coordenador, a participação em eventos externos funciona também como um veículo de marketing institucional: “O IntegraSom mostra uma universidade viva, pulsante, conectada com sua comunidade”.
A relação do professor com a música começou na infância, influenciado pela tia e madrinha, Matiko Funai, campeã brasileira de karaokê, e se consolidou na adolescência, com a participação em grupos religiosos. Hoje, essa vivência se estende a um projeto coletivo que fortalece vínculos e valoriza talentos. “É muito prazeroso tocar em grupo. E é gratificante poder apoiar estudantes que têm talento musical”, reforça.
Além da prática musical, o IntegraSom busca inovar em suas ações. Um dos próximos objetivos do grupo é tornar seu espaço físico uma verdadeira Sala de Descompressão: a ideia é oferecer aulas de instrumentos, oficinas com música em Inglês e Francês e manter viva a proposta de tornar a música parte da rotina universitária.
As vozes do projeto
O estudante Gabriel Rodrigues, da sexta fase de Medicina, conheceu o IntegraSom por meio de oficinas e apresentações do IntegraSom em eventos na UFFS. A partir de então, mergulhou na proposta com entusiasmo. “A música sempre esteve presente na minha vida. Participar do IntegraSom me faz sentir que estou deixando um pouco de mim nos outros e na comunidade”, conta. Entre tantas experiências, destaca a apresentação em uma escola infantil, durante uma formatura. “Foi especial ver a alegria das crianças e saber que levamos a UFFS até elas.”
Já a estudante de Administração Nicoli Venz Borges encontrou no IntegraSom a chance de atuar nos bastidores, registrando apresentações e momentos marcantes do grupo. “A música sempre foi uma aliada na minha vida. Ver a alegria das crianças em contato com os instrumentos foi emocionante”, relata sobre a oficina realizada no CEIM Juliana Pommerening.
De Chapecó para o mundo (e com uma Kombi, quem sabe)
Segundo o professor, os sonhos dos integrantes para o projeto são grandes – e criativos. Um dos desejos da equipe é viabilizar a IntegraKombi, um veículo para transporte dos instrumentos e dos músicos: “Imagina poder levar nossa música com mais estrutura para outros espaços? Seria incrível”.
Para quem deseja participar, o IntegraSom realiza seleções de bolsistas anualmente, mas sempre acolhe voluntários interessados. A coordenação é compartilhada com o professor Ivan Fontanari, e os contatos podem ser feitos pelo Instagram oficial do projeto (@integrasom) ou diretamente com os docentes.