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UFFS Conecta Mulheres

UFFS Conecta Mulheres: mulheres e ciência

Em mais uma matéria da série Trajetórias Femininas, a professora e pesquisadora Helen Treichel comenta sobre a ascensão das mulheres na academia e na ciência

Diretoria de Comunicação Social — 13 de Março de 2025 — Atualizado em 13/03/2025

UFFS Conecta Mulheres: mulheres e ciência

Helen foi reconhecida como pesquisadora de impacto em sua área na edição 2024 do World’s Top 2% Scientists

No mês que celebra o Dia da Mulher, a UFFS inicia uma série de matérias que examinam os desafios e avanços na participação feminina nos diversos espaços da Educação Superior no Brasil. A série faz parte do projeto UFFS Conecta Mulheres, uma ação iniciada em 2024 pelo gabinete da vice-reitora, Sandra Pierozan.

Nesta entrevista, a professora Helen Treichel, do Campus Erechim, – reconhecida na edição 2024 do World’s Top 2% Scientists – analisa de forma contundente as barreiras estruturais, culturais e institucionais que ainda limitam a ascensão das mulheres na academia e na ciência. Com uma sólida trajetória na pesquisa e atuação em diversos programas de pós-graduação, Helen aborda temas como a “dupla jornada”, que impõe desafios na produção científica, e propõe ações institucionais para promover uma equidade real na pesquisa. Confira a entrevista completa para conhecer os pontos de vista que podem contribuir para uma ciência mais robusta e inclusiva.

A ciência, historicamente, foi um espaço majoritariamente masculino. Você percebe que ainda existem barreiras para a participação e ascensão das mulheres cientistas? Quais desafios envolvem esse processo de maior inclusão?

Sim, apesar de alguns avanços, ainda existem barreiras para a participação e ascensão das mulheres na ciência. Essas barreiras podem ser estruturais, culturais e institucionais. Verifica-se ainda desigualdade de oportunidades, estereótipos de gênero, como, por exemplo, a ideia de que certas áreas da ciência, como a física, a engenharia e a computação, são "masculinas", desestimulando o ingresso e a permanência de mulheres nesses campos. Cito ainda os desafios na conciliação entre vida profissional e pessoal, a falta de representatividade, o menor reconhecimento e crédito pelo trabalho, o que é citado inclusive em pesquisas científicas, e, principalmente, o assédio e preconceito no ambiente acadêmico, onde mulheres ainda relatam casos de discriminação, microagressões e até assédio, o que pode gerar um ambiente hostil à sua permanência.

Muitas cientistas enfrentam a chamada “dupla jornada”, equilibrando trabalho acadêmico e responsabilidades pessoais. Como você vê esse impacto na produção científica feminina?

A "dupla jornada" impacta diretamente a produção científica das mulheres, gerando desafios que vão desde menor tempo para pesquisa, até dificuldades na progressão da carreira. Esse fenômeno ocorre porque muitas cientistas precisam equilibrar o trabalho acadêmico com responsabilidades domésticas e familiares, o que afeta sua produtividade e competitividade em relação aos colegas homens. Alguns pontos podem ser claramente citados, resultado disso, tais como o menor tempo para pesquisa, já que a carga extra de trabalho doméstico reduz o tempo disponível para escrever artigos, participar de conferências e buscar financiamentos; a diminuição da taxa de publicação, o que já é mostrado em estudos científicos, que apontam que mulheres publicam menos do que seus colegas homens, especialmente após a maternidade, devido às interrupções na carreira e à necessidade de dividir seu tempo entre múltiplas responsabilidades. Ainda, há o menor acesso a redes e colaborações, já que a rotina exaustiva pode limitar a participação em eventos acadêmicos, prejudicando a construção de parcerias e redes científicas essenciais para o avanço na carreira. Por fim, há o impacto na progressão profissional, já que mulheres cientistas muitas vezes enfrentam mais dificuldades para obter promoções e liderar projetos, pois são avaliadas por critérios que não levam em conta as desigualdades de carga de trabalho, e, principalmente, o esgotamento e desistência da carreira acadêmica, devido ao acúmulo de funções, que pode levar à exaustão física e mental, fazendo com que muitas cientistas abandonem a academia ou mudem de área.

De que forma a diversidade de gênero contribui para avanços científicos mais inovadores e inclusivos?

A diversidade de gênero enriquece a ciência ao incorporar múltiplas perspectivas e experiências, resultando em avanços mais robustos e inovadores. Quando diferentes pontos de vista se encontram, as equipes científicas podem abordar problemas sob ângulos variados, levando a soluções mais criativas e abrangentes. Portanto, promover a diversidade de gênero não só equilibra oportunidades na carreira, mas também fortalece a própria produção científica, tornando-a mais dinâmica, inclusiva e alinhada com os desafios contemporâneos.

Como universidades e instituições podem atuar para enfrentar os desafios que envolvem a equidade de gênero na pesquisa científica?

Universidades e outras instituições podem adotar uma série de estratégias integradas para promover a equidade de gênero na pesquisa científica. Essas ações, quando combinadas, ajudam a criar um ambiente mais inclusivo e estimulante para as mulheres. Cito aqui alguns exemplos como políticas afirmativas e incentivos, talvez através de programas que incentivem a participação de mulheres em cargos de liderança, como ações afirmativas, editais específicos para pesquisas conduzidas por mulheres e planos de carreira que reconheçam as particularidades das trajetórias femininas. O apoio à conciliação entre vida profissional e pessoal, implementando medidas que facilitem o equilíbrio entre as demandas acadêmicas e responsabilidades pessoais, como horários flexíveis, licenças parentais ampliadas e serviços de apoio, como creches e centros de cuidado para filhos. A revisão dos critérios de avaliação de nossas produções seria importante, levando em conta as interrupções ou desacelerações na carreira, comuns em trajetórias marcadas pela dupla jornada, evitando que essas diferenças prejudiquem o reconhecimento e avanço profissional. E, por fim, obviamente, ambientes institucionais inclusivos, promovendo uma cultura de respeito e combate ao assédio, preconceito e discriminação por meio de treinamentos, políticas internas claras e canais de denúncia que assegurem um ambiente seguro e acolhedor.

Sobre a Helen

A professora Helen Treichel é graduada em Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Possui mestrado e doutorado em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Na UFFS atua nos cursos de graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária, Ciências Biológicas e Agronomia, e é docente permanente nos Programas de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental (UFFS – Campus Erechim), Ciência e Tecnologia de Alimentos (UFFS - Campus Laranjeiras do Sul) e Biotecnologia e Biociências (UFSC). É líder do grupo de pesquisa Agroenergia (AGROEN) e vice-líder dos grupos Microbiologia Aplicada (GPMA) e Processos Enzimáticos e Microbiológicos (GPPEM). Coordena o Laboratório de Microbiologia e Bioprocessos (LAMIBI) da UFFS – Campus Erechim, atuando principalmente nos seguintes temas: planejamento de experimentos e otimização estatística de bioprocessos; produção, purificação, imobilização e aplicação de enzimas; uso de microrganismos e enzimas no tratamento e/ou valorização de efluentes e resíduos; bioinsumos agrícolas; bioherbicidas; e biocombustíveis.

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