De acordo com Marlei, “o debate acerca da lei e suas diversas implicações é de extrema relevância no contexto contemporâneo, especialmente considerando que este tema nunca teve tamanha centralidade quanto agora. Este é um momento ímpar para que escolas, professores, estudantes, famílias e a sociedade em geral promovam espaços de ensino e aprendizagem dialógicos e colaborativos, abordando uma questão que, cada vez mais, pode influenciar o futuro da humanidade”.
“Acredito que é uma oportunidade para escolas, professores e estudantes aprenderem juntos. Se as escolas e professores conseguirem desenvolver um trabalho coletivo e colaborativo com os estudantes será um grande ganho para o processo educativo. Ouvir as demandas dos estudantes em relação a lei, a rotina escolar, as aulas e pensar em ações formativas para os professores, que tratem sobre uso pedagógico dos artefatos tecnológicos, poderão ser estratégias que possibilitarão a implementação de aulas mais dinâmicas e interativas, fomentando um processo de ensino e aprendizagem outro, dinâmico e envolvente, condizente com a realidade deste início do século XXI. Deixar os estudantes por quatro horas sentados copiando do quadro, não dá mais”, enfatiza Lucélia.
“O diagnóstico das questões relacionadas à lei poderá fornecer subsídios valiosos para o planejamento de aulas que explorem novos territórios educativos. Isso permitirá o aprimoramento de inovações pedagógicas mais dinâmicas e atraentes para os estudantes. Outro aspecto importante é o estímulo ao uso pedagógico das tecnologias. Além de estabelecer limites para o uso dos dispositivos, promove um uso mais consciente e orientado das ferramentas digitais, incentivando os professores a incorporá-las de maneira estratégica no processo de ensino. Isso possibilita aulas alinhadas às metodologias educacionais mais modernas”, considera Marlei.
Conforme Lucélia, com a implantação da lei será possível contemplar, no currículo escolar, debates sobre “tecnologias de um modo amplo e crítico, discutindo os benefícios e malefícios que elas trazem; ciberbullying; segurança no espaço virtual, dentre outras. Também, poderemos ter os estudantes mais focados e interessados nas aulas e mais sociáveis. O que a neurociência tem indicado é que nosso cérebro demora cerca de 25 minutos para voltar ao foco total após ter sido interrompido por uma notificação. Então, eliminar distrações é extremamente importante para a aprendizagem”.
“Ao integrar o uso consciente e ético da tecnologia no ambiente escolar, o debate contribui para a formação de estudantes mais preparados para lidar com as questões digitais de maneira segura, consciente e reflexiva. Essa abordagem amplia a educação tecnológica, tornando os alunos mais críticos em relação ao uso da internet e das redes sociais, além de ajudá-los a entender os riscos e as responsabilidades associadas ao mundo digital”, afirma Marlei.
“A implementação de momentos de desconexão dentro da rotina escolar contribui significativamente para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais essenciais, como a colaboração, a empatia e a comunicação interpessoal. Tais habilidades são fundamentais para a formação integral dos alunos, permitindo que se tornem cidadãos completos e preparados para os desafios da convivência social e profissional”, diz Marlei.
Lucélia considera que o que se espera com a nova lei é “uma melhora do processo educativo: mais envolvimento dos estudantes com sua aprendizagem; melhor rendimento escolar; mais socialização e interação com os colegas e professores. É inegável os benefícios dos avanços tecnocientíficos em todos os aspectos das nossas vidas. Mas também é inegável os prejuízos que eles têm ocasionado nos membros das gerações mais jovens, desde o somático (obesidade, sedentarismo, LER, lesões nos olhos, na coluna, dor de cabeça), passando pelo emocional (irritabilidade, insônia, ansiedade, hiperatividade, depressão, tristeza, isolamento, desânimo, baixa autoestima, choro fácil, automutilação, ideias e tentativas suicidas), atingindo o cognitivo (linguagem, concentração, interpretação, síntese) e o desempenho escolar.
Como destaca Lucélia, o próprio MEC, no site “Celulares na Escola”, afirma: “a regulamentação do uso de dispositivos digitais nas escolas não significa uma proibição. É parte de uma iniciativa maior que busca promover um ambiente mais seguro e saudável”. Ela ressalta, porém, que necessário que a implementação da lei seja acompanhada de avaliações periódicas e contínuas, para que se possa fazer os ajustes necessários e verificar os resultados.